segunda-feira, 31 de maio de 2010

.o sim e o não.


o não é talvez uma das palavras com o significado mais difícil para a compreensão humana de todo o dicionário já escrito, em todo e qualquer idioma. crescemos juntos; sua compania é inevitável, mas nem sempre agradável. convivemos; aceitamos.

no primeiro soar de seu fonema, a imediata reação é o choro. impossível fugir a essa dura realidade, rígida, inféxível. depois, quem sabe, a gente entenda - como sempre é dito por aí - o porquê daquele ressoar infinito, que teima em nos acompanhar noite adentro. enquanto isso, fica essa sensação de incompleto, de desfeito, de fim sem começo.

mas é assim; sem o não onde estaria o sim?

segunda-feira, 17 de maio de 2010

.o sorriso da lua.


levantei os olhos chamada pela sua luz. ali, ela sorria inerte; a chuva, que outrora molhou sua face, já não caía mais. o sol, que havia iluminado-a o dia todo, também já não presenteava com sua grandeza. ali, na noite escura e fria, ela abriu seu sorriso mais belo, o mais puro e verdadeiro; sorriso de quarto mingante mingando em seu último suspiro.

.gratidão.

o que mais valorizo nessa vida é aprender. milla petrillo; mãe, mulher, artista, pessoa.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

.nove horas de treze de maio de dois mil e dez.

há quatro dias sem um raio de sol, acordo imersa em um momento de puro amor.
mexo os pés sentindo os dedos e cada vaso sanguíneo meu parece absorver lentamente o calor que vem de lá de fora, conduzindo-o por entre os mais minúsculos entrepeles e pêlos, até, por fim, tocar a cabeça e se emaranhar, tranquilo, entre cobertores e cabelos. os sons do ambiente me envolvem numa música constante e feliz.
sim, ele veio para ver-te, pequeno. veio para aquecer seu dia, seu início, seu verbo. a estrada amarela que novamente se faz caminho; a vida que se renova sob a luz; esse deus das plantas pequenas.
hoje é você quem nasce debaixo desse oceano translúcido de matéria abstrata.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

.agora que o ouvido escuta.


prossigo caminhando. pensamento; sentido. o momento em que me encontro me ocorre como uma revelação, uma descoberta. com os olhos cheios de cores e o peito cheio de amores vãos, eu vou. a ausência do tempo me vem de encontro com a brisa suave, mas fria, das onze horas da manhã.

estou presente - como há muito não me via - absolutamente dedicada ao agora. cinzas e verdes me invadem a alma e os pulmões e eu deixo se abrir um leve e puro sorriso.

sim, meu caminho é vermelho como terra de chão batido, e em meu horizonte não se veêm sinais de concreto, e, a não ser pelo barulho longínquo, não se desconfia da auto-estrada logo adiante.

quarta-feira. sensação plena.

terça-feira, 11 de maio de 2010

.aqui, dentro do figo, ainda.


acordar dentro de um casulo; dentro de um figo maduro, aconchegante, doce e só. na beira da vida, a gente torna a se encontrar só; o eu e eu em sua mais essencial forma e conteúdo. sem mais, sem outrora. a hora é agora, a verdade sempre está na hora, embora você pense que não é. assim como seu cabelo cresce agora, sem que você possa perceber, o mundo acontece lá fora e aqui dentro, num universo infinito.


olhar para dentro, ver-se por inteira, nua, sem máscaras e pinturas.

enclausurada em seu abrigo íntimo, em seu momento, em seus sonhos esquecidos, num eterno adormecer de sentidos, confortavelmente acomodada em sua solidão.


morrer deve ser tão frio, quanto na hora do parto.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

.cor de rosa e carvão.


agora, que é quase quando, deixo - me sentar sob o pôr do sol. aqui, de onde o olho mira, singela luz.